Folha de S.Paulo.
O governo do Equador, que concedeu asilo político ao fundador do
WikiLeaks, Julian Assange, não descarta fazer o mesmo com integrantes do
governo do ditador sírio Bashar Assad, se isso for solicitado.
Foi o que disse o presidente equatoriano, Rafael Correa, em entrevista à Folha na sexta-feira em Brasília, antes de participar da cúpula semestral do Mercosul.
Correa confirmou a visita a Quito do vice-chanceler sírio, Faisal al
Miqdad, há duas semanas, mas negou a informação do jornal israelense
"Haaretz", segundo o qual o diplomata visitou Equador, Venezuela e Cuba
para conversar sobre um possível asilo para Assad e familiares.
"Qualquer pessoa que peça asilo no Equador obviamente vamos considerar
como ser humano, ao qual devemos respeitar seus direitos fundamentais.
Mas não houve essas conversas", disse.
Segundo Correa, o diplomata sírio foi ao Equador "agradecer" a "posição objetiva" de seu governo sobre a guerra civil na Síria.
"O Equador jamais vai estar a favor da violência, mas olhemos para a
história! Podemos acreditar em todas as notícias sobre massacres, de
ditador? Lembremos o que se falava do Iraque."
Em confronto aberto com jornais e TVs privados do Equador, Correa
deleitou-se ao ser questionado sobre o Relatório Leveson, que no mês
passado fez duras críticas à imprensa britânica e recomendou a criação
de uma lei de imprensa no Reino Unido: "Rasgo minhas vestes! Atentado à
liberdade de expressão!"
Correa, que é favorito para ganhar mais quatro anos de mandato nas
presidenciais de 17 de fevereiro, defendeu o direito do governo de não
anunciar em jornais "mercantilistas".
A seguir, a entrevista do presidente equatoriano, na qual o esquerdista
falou do impacto que teria e entrada de seu país no Mercosul e da
legalização das drogas.